A Organização Mundial da Saúde define saúde como o completo bem estar físico, social e mental do cidadão. Esses três grandes definidores do estado de saúde são fundamentados no saneamento básico, em propiciar acessos a serviços básicos de saneamento para a população. No entanto, 884 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável e mais de 2,6 bilhões não dispõem de instalações sanitárias adequadas. No Brasil, a coleta e o tratamento de esgoto têm sido deixados de lado por sucessivos governos. Hoje apenas 50,6% da população urbana têm acesso à rede de esgoto e 13 milhões de brasileiros ainda nem tem banheiro em casa.

O resultado são doenças na certa e as crianças são as mais prejudicadas. Pesquisas do Instituto Trata Brasil revelam que sete crianças morrem por dia no país contaminadas por doenças decorrentes do esgoto.  A principal delas é a doença diarreica que responde por 50% da mortalidade infantil no Brasil. E é no verão que ela ataca com toda a sua força, enchendo os hospitais porque, durante as férias escolares e o Carnaval,  a população das capitais enche as praias.  As redes de esgotos de nossas principais praias são deficientes, não dão conta de atender às altas populações flutuantes e acabam extravasando nas cidades e no mar espalhando as doenças para toda a população.

Não cansamos de avisar, todo ano, sobre os surtos de diarreia, mas o que está se fazendo para evitar esses surtos e para melhorar a coleta e tratamento de esgoto? É necessário atacar a causa dessas doenças, provendo esses serviços para toda a população. Enquanto isso não acontecer, continuaremos vendo nossos hospitais lotados e sem infraestrutura para atender a população contaminada, além dos altos gastos com internações que poderiam ser aplicados em ações preventivas de saúde e na educação da população.

por Artur Timerman, médico, infectologista e embaixador do Instituto Trata Brasil.