Especulação Imobiliária

Especulação imobiliária em articulação com o sistema

Não é de hoje que a população brasileira, em especial os moradores das grandes cidades, com destaque para as camadas menos favorecidas da sociedade, sofre com os efeitos perversos da especulação imobiliária. São Paulo é um exemplo insigne de uma cidade que cresceu e se desenvolveu a serviço de interesses privados e especulativos. Desde os primórdios dos loteamentos na região central das chácaras pertencentes ao Barão de Itapetininga e á  Dona Maria Antônia, em meados do século XIX, até o avanço dos loteamentos irregulares nas regiões norte e leste nas últimas décadas do século XX, a urbanização da cidade nunca priorizou os interesses públicos, sociais e a sustentabilidade ambiental.

O que se tem notado nos últimos anos é um processo de intensificação da exclusão imobiliária das camadas menos favorecidas da sociedade, com a expulsão das populações pobres das regiões centrais da cidade, seja pelo viés jurídico através de reintegração de posse de imóveis ocupados que só servem aos interesses especulativos ou até menos por ações criminosas dentro das comunidades carentes mais bem localizadas geograficamente. Os eventos internacionais que estão ocorrendo e estão a ocorrer no Brasil demandam  do poder público uma atitude firme contra a degradação das áreas centrais. Turista não vêm ao Brasil para ver crianças pedindo esmola nos semáforos, e sim pra ver praias, mulheres bonitas e o Neymar.

Acontece que de uns anos pra cá São Paulo, que já não lá essas coisas pra se viver, ficou insuportável. A eclosão das manifestações de junho demonstraram um descontentamento colossal da esmagadora maioria da população. Especulação imobiliária, precarização dos serviços públicos, trânsito infernal, transporte público ineficiente, educação pública ruim, isso tudo chegou a um ponto que não dá mais pra ficar assim. O paulistano, na verdade o brasileiro de uma forma geral, já não aguenta mais ser tratado como gado. Uma cidade que não prioriza em nada os interesses do cidadão chegará á um ponto que não terá mais saída.

Pra termos um ideia do tamanho do problema, além da especulação imobiliária, que é a pedra angular do gangsterismo capitalista que assola essa cidade, o transporte público da cidade esta na mão de uns poucos empresários, que nem de carro andam. SÓ ANDAM DE HELICÓPTEROS. Pra se ter uma ideia dois empresários são donos de mais de 7000 ônibus na cidade. E esse larápios do transporte investem suas somas vultuosas de lucro principalmente no mercado imobiliário, que tem se tornado a patinha de ovos dourados da burguesia nacional e estrangeira a custa da pauperização e periferização do trabalhador.

Além disso nunca é demais destacar que essas empreiteiras que estão ai faturando bilhões com a especulação imobiliária (ODEBRECHT, CAMARGO CORREIA, OAS  e por aí vai) foram as grandes financiadoras do regime militar, em especial a OPERAÇÃO OBAN  na cidade de São Paulo, um dos capítulos mais criminosos da ditadura brasileira.

Pra finalizar gostaria de deixar registrado que eu acho sinceramente que o preço dos imóveis vão cair forte em São Paulo após a Copa. Talvez no Rio o preço ainda se mantenha por um período maior de tempo em virtude das Olimpíadas de 2016 e da carência maior de terrenos nessa cidade. Os preços atualmente praticados no mercado são surreais. Pra se ter uma ideia do tamanho do absurdo, a título de exemplo, hoje um casal que se enquadra na chamada classe B, com uma renda mensal em torno de 8 mil reais mensais consegue um financiamento em torno de 235 mil. Com esse valor ele só compra um imóvel num bairro localizado a no mínimo 15 km de distância do centro da cidade, sem contar o valor que terá que desenbolsar com escritura, documentos e eventuais instalações que vier a fazer no imóvel. Ou seja, se por um lado o país avança, de forma lenta mais avança, do ponto de vista da valorização salarial. Do outro lado é cada vez mais caro adquirir o primeiro imóvel na região metropolitana das grandes cidades. A especulação imobiliária corrói os direitos sociais dos trabalhadores.

Nunca antes na história desse país foi tão urgente tomar uma atitude com relação a isso.

Published On: janeiro 9th, 2014Categories: Cidades, Planejamento UrbanoTags: , ,

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Sobre o Autor : JRuiz Admin

3 Comments

  1. willian ferris 31 de janeiro de 2014 at 19:16 - Reply

    gostaria de saber porque não apareceu meu nome como publicador do artigo? Creio que seria ético e justo que o forum destacasse o publicador do artigo. Eu sou advogado, pos graduando em direito imobiliario e sou corretor de imoveis. Espero que o foum se manifeste a respeito, senão não voltarei a postar mais artigos nesse site.

    um forte abraço a todos

    • José Ruiz 1 de fevereiro de 2014 at 10:51 - Reply

      Olá William.. nós não temos uma forma automática para mostrar o nome (login) das pessoas que escrevem os posts.. mas é possível fazer isso colocando uma assinatura no texto (é comum as pessoas assinarem seus textos).. nesse caso você pode colocar seu nome, endereço, nome de empresa, link, telefone, etc.. Por favor, envie esses dados que eu coloco no texto para você, ok? E continue publicando, seu texto está muito bom.. até logo.. (ps.: envie os dados para ruiz @ jruiz.com.br)

  2. Ricardo Koji 2 de fevereiro de 2014 at 16:35 - Reply

    Ótimo texto Willian. Eu como consultor imobiliario tambem concordo com suas colocações. Semana passada devido ao aniversario de São Paulo, fique estarrecido com alguns comentarios de colunistas, jornalistas, e meu querido Maestro
    Julio Medalha! Fiquei indignado por sua fala no encerramento do
    programa especial da TV Cultura! Descreveu São Paulo
    como fosse perfeita e prospera metropole do primeiro mundo, exaltou a
    riqueza como se os problemas não existissem. Para mim há muito que fazer
    e só teremos uma São Paulo melhor quando as diferencas forem menores e a
    riqueza maior for a espiritual.

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