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Mestre15 de setembro de 2007 às 11:36Número de postagens: 1737Tombamento de 16 imóveis do bairro será decidido por novo conselho [justify]Depois de 5 anos e 11 meses, o longo processo de tombamento de 16 imóveis localizados no Cambuí deverá ser decidido ainda este mês pelo novo conselho que tomou posse ontem no Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas). Segundo a arquiteta Laci de Carvalho Alvite, uma das relatoras deste protocolo – que foi iniciado por Silvia Zakia e teve as mãos de outros três pesquisadores, Pedro Rossetto, Marialice Faria Pedroso e Gabriela Veras Iglesias – são mais de 400 páginas, só da história de cada um desses bens. Ela acredita que a decisão será favorável. “Acho que vai. Acho que eles estão propensos a entender o que é preservação de patrimônio, mas a gente nunca está dentro da cabeça das pessoas”.Mas parte desta lentidão no processo, explica Laci, foi em função de um proprietário ter contestado o tombamento no Ministério Público. “Só foi liberado ano passado”. Depois disso, fechou-se o estudo “num conjunto de casas que representou uma aspiração da classe burguesa” daquela época, no início de 1900. Por isso estão na lista boa parte dos casarões da Júlio de Mesquita, então “uma afirmação dos cafeicultores”, diz, que desejavam ter um lugar que se assemelhasse à 5 avenida, em Nova York, ou à Paulista, em Sampa. “A idéia foi preservar o conjunto”.
Além de os imóveis escolhidos estarem próximos uns dos outros, alguns entraram no tombamento como gabarito de altura. Em outras palavras, sem interesse arquitetônico, mas como uma forma de preservar a área envoltória. Pensou-se também em destacar uma arquitetura predominantemente neocolonial, “que representava o gosto estético dessa classe, que era nacionalista”. Daí as varandas, os beirais, os frontões barrocos.
Mas alguns exemplares, diz, ao contrário da influência portuguesa, têm ascendência mourisca (caso do endereço da Júlio de Mesquita, 670) e eclética (Júlio de Mesquita, 687). Soma-se a eles, casarões em art nouveau (no número 606) e com características italianas, mais precisamente toscanas (no número 726). Por um triz, lamenta a arquiteta Laci, a avenida não concentrou exemplos dos principais estilos arquitetônicos. O senão foi a demolição de um casarão art déco (diga-se de passagem, o primeiro de Campinas). Laci argumenta que os governantes da época perderam a chance de deixar um legado às gerações futuras, de transmitir esse conhecimento in loco. “Isso que dá raiva”, admite.
Curiosidade
No início da ocupação, esta região caracterizava-se mais por possuir chácaras ao invés de casas. E a avenida, apesar do bonde, ainda era de terra. Além disso, todas as construções, inicialmente, foram feitas do lado par. A razão: ter vista para a cidade (onde a maioria dos proprietários mantinha os seus negócios).
Dois nomes se sobressaem como os principais construtores desses estilos na cidade: Hoche Neger Segurado e Lix da Cunha. A ressalva é o arquiteto Mário de Camargo Penteado, desta vez na Silva Telles, 165, que segundo Laci Alvite construiu a primeira casa modernista de Campinas (por isso sua inclusão no tombamento). Ela é de 1934. “Tinha pintura em mica e brilhava à noite”. Detalhe: quando inaugurada, foi até aberta à visitação pública.
Duas igrejas estão na lista
Dos 16 imóveis previstos no tombamento, cinco são institucionais. Entre eles estão as duas principais igrejas do bairro – a Das Dores e a Divino Salvador. Atualmente, a arquiteta Laci Alvite debruça-se sobre as questões que envolvem a preservação da primeira. A Gazeta do Cambuí noticiou recentemente um teste da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas S/A) para avaliar a possibilidade de se desviar o trânsito da frente da paróquia, em função de prováveis problemas estruturais que o tráfego causaria ao imóvel. Já deu polêmica e a maioria dos entrevistados foi contrária à alteração.
Mas para Laci, que não foge à defesa do patrimônio, já passou da hora de haver esta mudança. Segundo a arquiteta, soma-se à questão do trânsito, dois problemas estruturais que agravam a situação na Das Dores: o peso dos sinos e a base de sustentação da igreja, embora construída sobre as boas técnicas da época (o projeto data de 1938), hoje sabidamente essas fundações são muito rasas e precisam ser reforçadas. Tanto que além das rachaduras no teto, a torre ‘caminhou’ um pouco à frente. “Vai ficar conhecida como a igreja da torre torta”.
Bens passíveis de preservação
1- Avenida Júlio de Mesquita, 840 – Projeto de Henrique Fortini, datado de 1915
2- Avenida Júlio de Mesquita, 571 – Projeto de Mauro Álvaro de Souza Camargo, datado de 1926
3- Avenida Júlio de Mesquita, 594 – anterior a 1927, sem definição do autor
4- Avenida Júlio de Mesquita, 766 – Projeto de Lix da Cunha, anterior a 1929
5- Avenida Júlio de Mesquita, 606 – Projeto de Hernani H. Bertani, anterior a 1930
6- Avenida Júlio de Mesquita, 670 – Projeto de Hoche N. Segurado, anterior a 1930
7- Avenida Júlio de Mesquita, 687 – Projeto de Antonio Cezar & Filhos, anterior a 1930
8- Avenida Júlio de Mesquita, 704 – Projeto de Hermínio H. Bertani, anterior a 1933
9- Avenida Júlio de Mesquita, 726 – Projeto de Umberto Aviniente (construção de Sebastião B. Mendes), anterior a 1933
10- Avenida Júlio de Mesquita, 742 – Projeto de Mario de Camargo Penteado, datado de 1936
11- Rua Maria Monteiro, 1212 – Projeto de Hoche N. Segurado, datado de 1938 (prédio da Das Dores)
12- Avenida Júlio de Mesquita, 797 – Projeto de Antonio Cezar & Filhos e Octavio Cezar & Irmãos, datado de 1943
13- Avenida Coronel Silva Telles, 165 – Projeto de Mario de Camargo Penteado, datado de 1945
14- Avenida Júlio de Mesquita, 622 – Projeto de Edson Barreto, datado de 1947
15- Avenida Júlio de Mesquita, 126 – datado de 1947, sem definição do autor (prédio da Divino Salvador)
16- Praça Imprensa Fluminense, s/n – Projeto de Fábio Penteado, datado de 1966/1976
[/justify] Fonte: Gazeta do Cambuí
JOSIANE GIACOMINI ALVES
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