Imóveis no Brasil: a oportunidade é agora!

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Entrevista: Bruce Mosler, presidente mundial da Cushman & Wakefield

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Para executivo americano, Brasil é um dos países com melhores oportunidades para investidores imobiliários.

Filho de um fabricante de cofres, o americano Bruce Mosler, de 49 anos, deixou os negócios do pai para trabalhar como corretor de imóveis no começo dos anos 80. Fez uma carreira de sucesso nos Estados Unidos e, há dois anos, chegou à presidência global da Cushman & Wakefield, uma das maiores empresas de serviço imobiliário do mundo, cujo controle acaba de ser vendido à família Agnelli, dona da Fiat. Na semana passada, Mosler veio ao Brasil pela sexta vez em cinco anos. Apesar de reclamar do trânsito caótico de São Paulo – que segundo ele piora a cada ano – o executivo foi embora extremamente otimista com as oportunidades do mercado local, onde está a segunda maior operação do grupo. ‘Há cinco anos eu espero por esse momento. O que estamos vendo agora é só a ponta do iceberg’, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estado.

Como o senhor explica a efervescência do mercado imobiliário?

Estamos aproveitando taxas de juros extraordinariamente baixas ao redor do mundo. E o acesso ao capital barato tem proporcionado o aumento dos investimentos no mercado imobiliário nos últimos anos. Em 2001, havia US$ 100 bilhões aplicados no mercado imobiliário. No ano passado, esse número já era sete vezes maior. Mais e mais instituições estão colocando dinheiro em imóveis, que está se tornando uma aplicação de muito sucesso, tanto em termos de curto, médio ou longo prazos.

Quais são as chances do Brasil nesse novo cenário?

As oportunidades em mercados maduros como Nova York, Londres, Paris e Tóquio ainda existem, mas com limitações de ganho. Os investidores querem mercados onde a economia cresce de forma saudável. E o Brasil, particularmente, é um desses mercados. Eu suspeito que dentro de 12 ou 18 meses vamos ver mais investidores institucionais vindo para cá, múltiplos nunca vistos antes e um aumento do interesse em cidades como São Paulo. O mercado está maduro, os fundamentos econômicos são fortes e, o mais importante, o PIB cresce de forma saudável. Dos US$ 700 bilhões investidos no mundo no ano passado no mercado imobiliário, 30% foram fora dos EUA e da Europa. O dinheiro está se movendo ao redor do mundo muito rapidamente agora. As empresas internacionais sabem que precisam estar aqui, com maior ou menor participação.

O Brasil está perto de alcançar o grau de investimento. Como isso afetará os negócios no mercado imobiliário?

Nós já estamos vendo uma mudança dramática no mercado. Quando o Brasil atingir o grau de investimento, haverá muito mais que isso. O mercado imobiliário está mudando completamente, com empresas mais profissionais, de capital aberto, mais transparentes. O que o Brasil precisa agora é ter projetos para todo esse dinheiro que está vindo para cá. Mas a diferença agora é que, ao contrário de outros ciclos de investimento imobiliário, os investidores estão vindo para ficar por muito tempo. Não há dúvidas de que, quando você olha para São Paulo, a cidade oferece as mesmas oportunidades do México alguns anos atrás. Talvez até mais. As pessoas querem se mover para economias em desenvolvimento, que é onde estão as melhores oportunidades e os retornos mais altos.

O Brasil ainda está barato?

Eu nunca digo essa palavra (risos). Posso dizer que o Brasil ainda não está caro. Mas eu acho que isso vai mudar muito rápido. Se você olhar a região da Faria Lima, em São Paulo, os preços de venda cresceram 42% nos últimos oito meses. O preço do aluguel subiu dramaticamente no período. No ano passado, o metro quadrado custava R$ 75. Agora, está entre R$ 90 e R$ 100. Mas o que regula os preços no fim das contas é a demanda. Se o PIB continuar crescendo 4%, mais e mais empresas internacionais vão querer estar aqui. Atualmente, temos mais demanda que produto.

O Brasil cresce como a Cushman e outras empresas estrangeiras gostariam ou previam?

Dois anos atrás, não fazia sentido dizer que o mercado imobiliário iria decolar. Agora você tem condições de atrair investimentos. Nós estamos no começo desse processo, vendo apenas a ponta do iceberg. A oportunidade é agora. O mundo ocidental não se deu conta do desenvolvimento do consumo. O Brasil oferece oportunidades não só no segmento de luxo, mas também de populares.

A taxa de juros no País ainda é alta se comparada ao resto do mundo. Isso não inibe os investimentos?

Eu acredito que as taxas de juros vão cair ao mais baixo nível da história do Brasil. Mesmo que agora mude 0,25 ou 0,50 ponto não vai afetar ou desestabilizar os investimentos no mercado imobiliário. Para mim, há duas coisas que afetam os negócios no mercado imobiliário em geral. E nenhuma tem por trás a taxa de juros. O nível de saúde do mercado é medido pelo crescimento do PIB e do emprego.

No Brasil, as empresas imobiliárias estrearam na Bolsa ao mesmo tempo. Essa corrida pode representar uma ameaça futura?

Isso tem de ser parte do futuro. É sinal de que o Brasil está se sofisticando. Algumas empresas irão muito bem e outras vão desapontar os investidores. Mas isso é parte da evolução natural das coisas. O mais importante é que esse movimento é positivo. A Bolsa é o instrumento para as empresas captarem investimento para o mercado imobiliário.

Quem é: Bruce Mosler

É presidente global da Cushman & Wakefield, uma das maiores empresas de prestação de serviços imobiliários do mundo.

Estreou no ramo imobiliário no começo dos anos 80 como corretor , função que deixou há sete anos.

Foi eleito por Donald Trump o executivo do ano do mercado imobiliário em 2004.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios

Patrícia Cançado

[Autor]

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