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jruiz
Mestre21 de setembro de 2007 às 16:59Número de postagens: 1737[justify]Vou começar pelo fim. Estou pensando em contratar dois pedreiros, comprar tijolos, cimento e areia, e começar a fechar com muros algumas ruas públicas, dando-lhes uso privado. É isso mesmo. Estou pensando se não seria uma boa idéia me apropriar de algumas ruas de Fortaleza, e depois decidir o que fazer com o espaço. Se der, quem sabe, até revender. Pode ser uma boa idéia. E que tal você também fazer o mesmo?Calma, não se espante com a proposta, nem pense que estou sugerindo algo imoral. Ilegal, estou certo que sim (mas lei no Brasil é subjetiva). Agora, imoral não, uma vez que em Fortaleza isto é permitido. É isto mesmo, permitido. Porque não consigo compreender como a Prefeitura local é tão rigorosa (e deve ser) no cumprimento de centímetros nos afastamentos e recuos das novas edificações, mas é cega, ou se faz de tal, para não ver, por toda a cidade, o descalabro que vem se configurando a invasão de ruas inteiras, ou até mesmo de áreas inteiras de proteção e preservação ambiental por comunidades de baixa renda (como no caso das dunas da Praia do Futuro, ou as margens da lagoa do Papicu, só para exemplificar). Não consigo compreender como a Prefeitura é capaz de propor referendo para questionar a ocupação de área que ela mesma autoriza e licencia ocupar, mas é omissa em refrear a ocupação indevida, ilegítima, criminosa, sem licença nem projeto aprovado, das áreas que pertencem a todos nós. Que política é essa? A de Robin Hood? Por acaso vivemos em Fortaleza uma cidade sem lei?
Dê-me uma única razão ponderada para o acobertamento dessa prática abominável e eu escrevo outro artigo para pedir desculpas e me penitenciar. Porque minha ignorância não me deixa ver razão sensata alguma nisso. Será que o motivo para a omissão da Prefeitura é a maldita e nefasta cultura do protecionismo social, que só vicia, à custa da desmoralização da lei, e da consolidação da impunidade ao crime contra o patrimônio público. Será que o motivo é a arcaica prática política de garantir patrimônio eleitoral, não mexendo em grupos que podem assegurar a continuidade do poder, sejam eles ricos ou pobres. Espero que não! Essas comunidades de baixa renda que hoje estão fazendo isso precisam sim de amparo, assistência e mecanismos que lhes garantam o direito à habitação. Eu acredito nisso. Não digo isso da boca para fora. Mas conquistar isso à custa da ocupação das ruas, não! Eu, você e estas comunidades, é claro, precisamos destas ruas desimpedidas, para garantir-se o direito de ir e vir. Dar às costas a isso é cultivar a indisciplina e a desordem. Onde estão o Ministério Público e a Prefeitura? Não sei. E como eles não aparecem para reestabelecer e garantir a ordem, as invasões continuam. E como vivemos uma democracia, também quero reinvindincar o meu direito, e sugiro que você faça o mesmo, para o bem da cidade. Entenda, a seguir.
Veja bem, se a lei que nos impede a invasão existe, mas não é cumprida, pelo contrário, é estimulada, na medida em que a impunidade advinda da omissão do poder público nutre o desejo à delinqüência, então, talvez, a melhor idéia é que aceleremos este processo de invasão, criando o caos absoluto. Quem sabe, com a cidade agonizante, sem respirar, obstruída em suas artérias e veias, possamos ver os responsáveis devidos cumprirem seu papel inalienável de garanti-las livres. Até porque todo paciente em estado terminal é tratado de maneira especial, emergencial. Sempre existem plantonistas para tal, já que os terapeutas preventivos estão fora de suas funções, fazendo lá o quê, eu não sei.
Portanto, nesta festa promovida pelo poder público, comece a discutir com seus vizinhos a idéia de garantir seu quinhãozinho naquilo que não é seu, que seria de todos, mas que parece que não é de ninguém, já que o vigia público está dormindo. Eu estou pensando seriamente nisso. Afinal, parece que, agora, você e eu podemos realizar o sonho de ter uma rua para chamarmos de minha. Só minha!
[/justify] Paulo Angelim
Arquiteto, Corretor, Sócio-diretor da Viva Imóveis
pauloangelim@vivaimoveis.com.br ” target=”_blank -
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