Mercado Imobiliário – JRuiz › Fórum › Papo de Corretor › COFECI/CRECI/SINDIMÓVEIS/REDES/ASSOCIAÇÕES › Até quando existirá corretor de imóveis?
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jruiz
Mestre15 de julho de 2008 às 18:48Número de postagens: 1737[justify]Em 2002 a Revista Veja realizou uma pesquisa com o objetivo de avaliar o grau de confiança da sociedade em determinados profissionais. Na ponta boa, os campeões foram os bombeiros, com índice de confiança de 98%, seguidos pelos pilotos de avião, estes com índice de confiança de 88%.Do outro lado, a ponta ruim, venceram os políticos, com índice de confiança de 1%, seguidos de perto pelos corretores de imóveis, estes com índice de confiança igual a 16%. Veja o gráfico abaixo:
[/justify] [img]forumimobiliario.com.br/imagens/prof_confiaveis.jpg[/img] [justify]Como político não é profissão, sobrou para nós o título de profissionais menos confiáveis do mercado.Vamos fazer uma pausa no raciocínio: essa condição é um legado das lideranças da categoria até aqui: se você, leitor, é ou foi um desses líderes, me perdoe, mas você tem sua parcela de culpa nesse resultado (se bem que não dá para isentar ninguém).
Voltando ao assunto, de lá para cá algumas coisas mudaram:
para pior. Em 2002 houve uma iniciativa louvável de implantar o Exame de Proficiência, que acabou sucumbindo à falta de suporte legal, uma vez que a prerrogativa de legislar sobre sobre as condições para o exercício de profissões é da união e o malfadado exame foi criado “à canetada” por uma resolução do COFECI. Boa vontade à parte, o serviço foi mal feito. O exame da Ordem dos Advogados do Brasil está aí, há anos, e ninguém conseguiu derruba-lo. É preciso vontade, trabalho, competência e articulação para fazer algo semelhante para a nossa categoria.
Em 2003 um projeto de lei do Deputado Rubens Otoni (PT/GO), prevendo a obrigação da identificação do responsável pela intermediação imobiliária no registro de escrituras públicas de compra e venda de imóveis, gerou grande expectativa entre os profissionais da categoria, visando diminuir a ação de milhares de picaretas que exercem ilegalmente a profissão por todo o país. Lamentavelmente, 2 anos depois, já aprovado pelo congresso, o projeto foi vetado pelo Presidente Lula.
A galeria de boas ações acabou por aí. Paralelamente o mercado experimentou 3 grandes fenômenos: (
1) explosão de vendas de lançamentos, impulsionada pelo crédito farto; ( 2) concentração de mercado, com o surgimento de “big” imobiliárias, algumas com até 5.000 corretores, dominando completamente a intermediação de lançamentos; e ( 3) a “formação” completamente desordenada de milhares de corretores em escolas para lá de suspeitas (ok, sou obrigado a concordar que existem algumas escolas sérias: mas a estrutura do curso é ruim. Não dá para formar um profissional em tão pouco tempo). O segmento de lançamentos, ainda que concentrado (e isso não é bom para a categoria), vai bem. Vivencia um nível de profissionalismo talvez nunca visto até então, com clara tendência de melhorias de procedimentos, otimização de processos, aprimoramento de controles, etc. As “big” imobiliárias são “big” justamente porque buscam diariamente a excelência, num contexto “normal” de economia globalizada altamente competitiva.
A despeito de uma série de problemas para os corretores de imóveis nesse ambiente, que têm que trabalhar 10 horas por dia, de 2ª a 2ª, ganhando ¼ da comissão de vendas, as “big” imobiliárias ocuparam o vácuo deixado pelas lideranças da categoria e organizaram a bagunça. Ponto para “elas”.
Mas fora desse ambiente hermeticamente fechado, e aí é onde estão todas as demais operações de intermediação imobiliária, reina o “
Deus nos acuda”, eventualmente alternando com o “ Vixe Maria”. O mercado está caótico, ainda que as realidades locais possam ser distintas (alguns mais ou menos organizados). Nos grandes centros, tem corretor de imóveis “vendendo o almoço para comprar a janta”. As imobiliárias estão encolhendo (mas não espere uma confissão – regra geral do mercado: tudo está sempre bem).
Os três principais pilares da profissão viraram fumaça (ainda que existam realidades distintas por todo o país):
1
.exigência de exclusividade: em alguns lugares, nem se fala mais nisso. A coisa ficou tão avacalhada que tem imobiliária anunciando imóvel para locação sem contrato com o proprietário. Se você ligar para o telefone do anúncio, o corretor pede “um tempo” para checar se o imóvel já não foi alugado pelo proprietário. Reserva de imóveis para locação, então, nem pensar (aquela coisa da família visitar o imóvel e ganhar um tempo para apresentar a documentação, outrora tratado de forma séria, hoje em dia tá difícil). Na área de vendas, a coisa é pior: tem imóvel por aí anunciado por 3, 4 imobiliárias, cada uma com um preço diferente; 2.comissão mínima: a tabela diz 6%… mas o próprio mercado se encarregou de institucionalizar os 5%. Alguns trabalham por 4%, outros por 3% e tem gente dividindo a comissão com o cliente comprador (parece piada, mas é real); 3.proibir o exercício ilegal da profissão: já tem até nome: zangão. É o cidadão que exerce a profissão sem ser corretor de imóveis. Muitos têm outra atividade, como porteiros, zeladores, síndicos, aposentados, vendedores de carro (a nova onda em alguns “lançamentos”), entre vários outros. Alguns juram que são autênticos profissionais, têm até site na internet, fazem anúncios no jornal e tudo mais. E ainda dão risada de quem tem que pagar anuidade e se submeter às regras do CRECI (principalmente responder criminalmente por eventuais danos causados pela sua “intermediação”). Tirando esses três “pilares” do exercício da profissão, o que sobra? Homens e mulheres com grandes chances, à despeito da baixa confiança que o público lhes deposita, de serem alçados diretamente a uma merecida posição no paraíso logo após a “inevitável”. Já pagaram todos os pecados. Vão direto para o céu… sem escala.
Trabalham com 100% de risco no negócio, não recebem salário, férias, 13º, descanso semanal remunerado, arcam com todas as despesas do exercício (gasolina, anúncios, telefone, alimentação, vestuário, etc.), têm uma alta carga diária de trabalho, pouco ou nenhum reconhecimento pelo seu esforço, freqüentemente ameaçados com a perda da “sagrada” comissão (alguns fazem manobras hercúleas para garantir esse direito – tem colega que desenvolveu tática para esconder os dados do imóvel ou do proprietário) e ainda pagam por isso (anuidade).
Tá virando uma vala administrativa na sociedade. Todas as demais profissões têm alguns direitos assegurados. Imagina se seria possível alguém chegar para um advogado e fazer a seguinte proposta: “
olha, eu tenho um caso aqui, gostaria que você o pegasse e tentasse ganhá-lo na justiça para mim. Mas vamos combinar o seguinte, se você ganhar eu te pago a comissão. Se não, eu não te pago nada. E é bom que fique claro eu já passei esse caso para outros 32 colegas seus. Quem ganhar primeiro leva a comissão. Mais um detalhe: eu já estabeleci o valor da causa. Se você não conseguir esse valor, eu não faço negócio”. :lol: É muito engraçado… O cruel é que isso acontece todos os dias com todos os corretores de imóveis no Brasil.Por isso eu chamei de “vala administrativa”. Se não abrirmos os olhos, daqui a pouco (e não espere muito) corretor será ninguém. A formação já está uma porcaria mesmo, qualquer um com R$ 700 no bolso compra o título de TTI, e não existem garantias para a profissão… ???
Por essa razão iniciei essa discussão aqui no Fórum. Na seqüência você poderá responder a 10 enquetes, todas sobre situações relacionadas com a profissão. Leia, vote, dê seu ponto de vista, faça suas críticas e lá no final atente para a mensagem: as eleições do CRECI estão vindo aí: talvez seja a única forma de nós mudarmos alguma coisa nessa situação.
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