Cada vez mais as empresas buscam talentos nas redes sociais brasileiras. Até pouco tempo atrás, o que era sabido do entrevistado estava escrito apenas no currículo. Hoje, há diferentes formas de procurar saber se aquele candidato é o mais adequado à vaga. Empresários e headhunters contam com as mídias sociais na hora de analisar o pretendente ao cargo. É o que garante José Augusto Figueiredo, Chief Operations Officer da DBM na América Latina. “As empresas procuram identificar talentos e a forma como as pessoas se expressam no mundo. Pessoas têm crenças e fazem afirmações sobre o que acreditam e essas não são verdades absolutas. Muitas vezes, uma determinada afirmação vai contra o que um potencial contratante busca”, acredita ele.
Saber que as empresas estão de olho no seu perfil nas mídias sociais não deve fazer com que você se distancie delas, pelo contrário. Quem pleiteia uma vaga de emprego hoje em dia deve usar esse meio a seu favor. “Eu me pergunto por que alguém que está à procura de emprego investe tempo preparando um currículo e deixa o perfil nas redes sociais desatualizado e com informações pobres sobre a sua vida profissional?”, salienta o diretor da Esperienza, Agência Web, Cassiano Antequeira. Nota-se um certo desleixo com o marketing pessoal nas redes sociais por parte de vários candidatos.
É importante ressaltar que as redes sociais podem ser usadas contra ou a favor do candidato, mas sempre em conjunto com o currículo e a entrevista pessoal. “As ferramentas de recrutamento e seleção não podem ser utilizadas de forma isolada e a mídia social não foge à regra”, ressalta a gerente de desenvolvimento humano da Accesstage, Maria José Lopes.
Redes sociais para todos os interesses
Há diferentes tipos de redes sociais, cada uma com as suas particularidades e o seu público dominante. Enquanto o popular Orkut e o Facebook são, muitas vezes, mais usados para manter contato com amigos e compartilhar fotos, o Twitter veio como meio-termo, já que há pessoas que fazem uso pessoal do microblog, compartilham emoções e acontecimentos rotineiros, bem como pessoas que usam para disponibilizar conteúdo do seu interesse, escrevem sobre a profissão e o dia a dia na carreira, até dicas e vagas na área.
O LinkedIn é uma rede social voltada para o uso profissional, nele, as pessoas dispõem os interesses profissionais, áreas de atuação, assim como os nomes das empresas pelos quais já passaram e o cargo ocupado. É possível, ainda, manter contato com pessoas da mesma área por meio dos fóruns de discussão e fazer network.
Um desses casos foi o de Simone Momesso, é um exemplo de quem usa a rede com intuito profissional. Por meio de sua conta no LinkedIn, ela encontrou trabalho. “Participo de um grupo de discussão no LinkedIn, no qual, o moderador sempre incentiva a interação entre os membros com encontros presenciais. Em um desses encontros, conheci o dono de empresa especializada em RH que comentou sobre vagas em aberto na minha área. Ali mesmo, já conversamos e serviu de pré-seleção, depois fui encaminhada à organização que estou trabalhando atualmente”, comenta.
“O Twitter é um canal eficiente para a divulgação de posições de especialistas e médias lideranças, uma vez que essas vagas são as mais procuradas por candidatos jovens. Já o LinkedIn é uma ferramenta de hunting, pois, por meio dela, conseguimos identificar e abordar profissionais altamente qualificados que, muitas vezes, não têm os seus currículos disponíveis no mercado”, afirma Luiz Alencar, consultor e diretor-comercial da STAUTRH.
Identidade virtual como apresentação corporativa
Ter um perfil em alguma rede social implica assumir uma identidade digital e é parte obrigatória de qualquer plano de marketing pessoal na Internet. Existem pessoas que buscam “intelectualizar” o seu perfil nas redes sociais citando grandes autores ou aderindo a comunidades de filósofos, por exemplo, ao passo que outros disponibilizam informações falsas por não levarem a sério a rede social, como quem diz que é astronauta, nas ocupações, ou que preenche as informações de estudos com o título da Universidade de Harvard sem tê-lo, por exemplo. “É preciso procurar estabelecer um perfil profissional verdadeiro, aquilo que de fato a pessoa é”, garante José Augusto Figueiredo, da DBM.
Uma identidade digital é construída com opinião, a forma como ela é dada é que precisa de atenção. “O que é compartilhado na rede não tem mais volta. É o mesmo cuidado que temos que ter ao falar de alguém ou expressar uma opinião na empresa ou na vida pessoal. Temos de nos atentar ao risco de que, ao escrever algo na rede social, estamos dando uma prova escrita daquilo que pensamos ou de como agimos”, defende Antequeira, da Esperienza.
“Participar de comunidades como Odeio acordar cedo ou Odeio meu chefe, fazer postagens com críticas a expatrões, ex-colegas e outras empresas em que tenha trabalhado são algumas características que podem eliminar um candidato de um processo seletivo”, enfatiza o coach do IBC, José Roberto Marques.
Já que as empresas buscam talentos nas redes sociais, é hora de caprichar no conteúdo do seu perfil e se colocar em evidência nas mídias sociais.
Fonte: Gestão & Negócios