› Fórum › Cidades & Bairros › Litoral NE › Salvador › “Salvador nasceu na Barra: por que apagamos nosso berço?”
Marcado: berço de Salvador, cultura afro-brasileira, história esquecida, turismo Bahia, urbanismo Salvador
-
AutorPosts
-
Barra: Berço Esquecido de Salvador?
Salvador completa 476 anos em 2025, mas uma pergunta crucial persiste entre historiadores e moradores: por que a fundação real da cidade na Barra foi apagada da narrativa oficial? Em 1534, quinze anos antes da chegada de Thomé de Sousa, o nobre português Francisco Pereira Coutinho estabeleceu a Vila do Pereira exatamente onde hoje se ergue o Farol da Barra – sobre uma aldeia Tupinambá com 300 cabanas. Este assentamento pioneiro, mediado pela figura mítica de Caramuru e sua esposa indígena Catarina Paraguaçu, representou a primeira experiência de miscigenação cultural do Brasil. Porém, em 1549, Sousa “refundou” Salvador no Comércio, priorizando estratégias militares: a escarpa natural do novo local oferecia melhor defesa contra invasões, enquanto a Vila do Pereira, vulnerável a ataques marítimos, foi deliberadamente abandonada e seu marco histórico, suprimido.
<hr />
<h3 class=”western”>⚖️ Por que esse apagamento importa hoje?</h3>
<h4 class=”western”>1. Simbolismo e Memória</h4>
O Marco de Fundação na Praia do Porto, erguido apenas em 1952 (após 418 anos de esquecimento!), tenta corrigir essa distorção histórica. Curiosamente, embora ostente um painel de azulejos que retrata o desembarque de Sousa, ele é ignorado em roteiros turísticos convencionais. Para estudiosos como o historiador João da Silva Campos, esse atraso na reparação simbólica reflete um “apartheid histórico” que marginalizou as raízes indígenas e a presença Tupinambá no nascimento da cidade.
<h4 class=”western”>2. Cultura Viva e Resistência</h4>
Apesar do apagamento oficial, a herança cultural da Barra permanece viva:- Acarajés das baianas: Mais que comida, são oferendas sagradas aos orixás, prática que remonta aos intercâmbios entre indígenas e africanos.
- Rodas de capoeira no pôr do sol: Realizadas na orla, ecoam a resistência de quilombos urbanos que se formaram nos séculos XVIII e XIX.
- Festa de Yemanjá: Celebrada anualmente no Porto da Barra, sincretiza tradições indígenas, africanas e europeias.
<h4 class=”western”>3. Turismo Seletivo</h4>
Enquanto o Farol da Barra atrai milhares de visitantes, sua história como Forte Santo Antônio (1596) – o primeiro forte do Brasil – é pouco explorada. O museu náutico no local exibe artefatos de naufrágios como o Galeão Sacramento (1668), mas raramente menciona que o farol foi instalado ali após o desastre, como uma correção tardia à falta de sinalização que causou a tragédia. A ênfase turística recai sobre o visual panorâmico, não sobre as camadas de conflito que moldaram o lugar.<hr />
<h3 class=”western”>💬 Debata conosco: Perguntas para reflexão</h3>
- Apartheid histórico ou pragmatismo?
O apagamento da Vila Pereira foi uma estratégia para negar as origens indígenas de Salvador? Ou mera conveniência militar, como sugerem documentos que descreviam a Barra como “geograficamente frágil” diante de invasores? - Reapropriação sem espetacularização
Como a Barra pode resgatar seu título de “berço real” sem virar um parque temático? Sugestões incluem:- Incluir sítios arqueológicos Tupinambá em rotas educativas (vestígios foram encontrados durante obras no Farol em 2013).
- Criar memoriais em homenagem a Caramuru e Catarina Paraguaçu na orla.
- Memórias subterrâneas
Você conhece relatos de moradores antigos sobre artefatos indígenas encontrados em quintais? Em 2020, durante a reforma de um sobrado na Ladeira da Barra, cerâmicas Tupinambá do século XVI foram identificadas – mas nunca expostas publicamente.
<hr />
<h3 class=”western”>⚡ Dado polêmico: A geografia que virou arma política</h3>
O nome “Barra” vem do Banco da Barra, o acidente geográfico que permitiu o desembarque de Coutinho em 1534. Ironia histórica: esse mesmo banco de areia foi o motivo pelo qual Sousa rejeitou o local – navios maiores encalhavam ali, como ocorreu com a frota holandesa em 1624. A rejeição ao sítio original foi, portanto, uma decisão técnica que se transformou em apagamento cultural.🌍 E você? Sua família tem histórias não contadas sobre a Barra? Conhece lendas de Caramuru ou relatos de resistência Tupinambá? Compartilhe nos comentários! Sua memória ajuda a recompor a alma plural desse berço esquecido.

<div id=”simple-translate” class=”simple-translate-system-theme”>
<div>
<div class=”simple-translate-button isShow” style=”background-image: url(‘moz-extension://421ddaf7-7cb8-451f-a569-2c99f1c58484/icons/512.png’); height: 22px; width: 22px; top: 204px; left: 394px;”></div>
<div class=”simple-translate-panel ” style=”width: 300px; height: 200px; top: 0px; left: 0px; font-size: 13px;”>
<div class=”simple-translate-result-wrapper” style=”overflow: hidden;”>
<div class=”simple-translate-move” draggable=”true”></div>
<div class=”simple-translate-result-contents”>
<p class=”simple-translate-result” dir=”auto”></p>
<p class=”simple-translate-candidate” dir=”auto”></p></div>
</div>
</div>
</div>
</div>-
Este tópico foi modificado 4 meses, 3 semanas atrás por
Elza Yamamoto Ruiz.
-
AutorPosts
- Você deve fazer login para responder a este tópico.
